Quero cantar como cantam os pássaros, sem me preocupar com quem ouve e o que pensam.”

(Atribuído a Jalal Al-Din Rumi)

O que escrevo segue o agora, desdobra-se num ser infinito que só quer manifestar-se na existência. Faz parte da minha escrita tudo o que me sucede, ou aparenta me suceder, nada é em vão, nada passa de todo desapercebido, e vai tecendo cadeias a serem inscritas no éter. Compartilho aqui e lá, pássaro irrequieto e deslumbrado, que deixa cair a semente que ciscou, para cantar a sua alegria.

Busco sentido e expansão, e sobretudo percepção manifesta no corpo, a sensação pulsante de um espaço de vibração que é luz: troca de informação sem esforço, permissão de possibilidades para aplacar a angústia criadas por separação e julgamentos que falsamente polarizaram a humanidade e a mantiveram em estado de guerra perpetuada por milênios…

Que a semente possa germinar em todos os corações, e em cada um à sua maneira, para que possamos todos baixar as barreiras desse construto ilusório que é a mente humana.

Durante inúmeras primaveras o sabiá punha-se a cantar bem à frente da janela do meu quarto, roubando-me o sono da madrugada, hora misteriosa em que eu aprendia a ouvir. Agora sei que não tenho de saber o que ele quis dizer com tanta urgência. É só escutar.